segunda-feira, 15 de junho de 2009

As potencialidades e exigências da densificação tecnológica

A vida em sociedade dos nossos dias está impregnada de tecnologias consumíveis e economicamente acessíveis, podendo-se falar de um processo de “densidade tecnológica” digital que impera e não pára de crescer. Torna-se emergente educar para os média, educar para criar um olhar crítico que permita analisar à distância a informação que nos é dada, ou seja, emerge a necessidade de reconfigurar os espaços educativos para um novo olhar perante a oferta dos recursos informáticos. É fundamental o investimento numa educação voltada para a aprendizagem que vise o exercício da cidadania e que privilegie mais o ser do que o ter, numa sociedade de consumo exacerbada.

Assim, a escola deve ter em consideração as profundas modificações do ambiente mediático informacional. Deverá existir uma política educativa que suporte essas modificações e conceptualize uma formação para a informação e para os média. Sendo extremamente importante haver uma aprendizagem de competências informacionais e mediáticas na educação e formação que estejam adaptadas à vida contemporânea.

A escola deve apropriar-se das linguagens e ferramentas da sociedade da informação, numa perspectiva de uma verdadeira aprendizagem em rede, rompendo com a estruturação formal do ensino, onde o computador seja visto como um verdadeiro meio de comunicação, capaz de possibilitar a exploração de novos ambientes de interacção social e fazer emergir novas formas de relacionamento com o saber.

O meio digital pode e deve ser potenciador do conhecimento na medida em que o sujeito se auto constrói. O conceito de Autopoiesis, um termo aplicado à biologia, que explica o funcionamento dos seres vivos como auto produtores da sua própria realidade, identifica nos sujeitos actividades autopoeiéticas, capazes de se construírem a si próprios usando as tecnologias digitais.

O ambiente digital que possibilita a escrita sobre si (blogues), a navegação (trajectos não-lineares e hipertextos) e a pertença a uma rede, pode ampliar a experiência auto-poeiética dos sujeitos, o que significa desenvolvimento afectivo/cognitivo. A tecnologia digital é assim considerada uma ferramenta de pensamento, pois ao articular-se com o nosso sistema cognitivo o sujeito potencializa-se para conhecimentos mais profundos e abre-se para patamares cada vez mais complexos de desenvolvimento.

Importa então questionarmo-nos sobre a importância das novas tecnologias na construção da identidade dos sujeitos, na construção curricular, no papel dos educadores enquanto agentes promotores de mudança, na educação crítica que deverá ser promovida... Estará o ambiente educativo adaptado e sensibilizado para estas mudanças?

As novas tecnologias não podem ser vistas como meras máquinas ou ferramentas que geram produção ou conhecimento, mas sim como “ capacidade de desenvolver destrezas e instintos necessários para que o ser humano continue a inventar de uma forma eficaz “ (Robert Reich cit in Paraskeva&Oliveira, 2008:33). Importa assim investir na formação dos agentes educativos de modo a poderem acompanhar a geração computador, a geração telemóvel, a geração internet, a geração blogue…

Em síntese o importante é que se conceba uma educação global, capaz de desenvolver destrezas e conhecimentos que contribuam para uma compreensão global do mundo.

Trabalho elaborado baseado no livro:
Paraskeva, Oliveira (2008), Currículo e Tecnologia Educativa, Vol. 2, Edições Pedagogo Ldª, Mangualde

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